terça-feira, 7 de abril de 2009

Há dinheiro, há

Há porque existe um BCE que imprime as notas (não as moedas que são emitidas pelos bancos nacionais). O problema é que a BCE imprime as notas com um custo de 30 cêntimos e vende-as aos estados segundo o valor nominal.

Por exemplo: a BCE imprime uma nota de 10€ e gasta 30 cêntimos em material de impressão. Depois vende a nota mas o Estado paga 10€. Resultado: um lucro útil de 9,70€.

O estado não paga a nota em dinheiro (seria idiota: eu dou-te una nota de 10€, tu pagas-me com outra nota de 10€), mas com obrigações; o conjunto das obrigações paga pelo Estado vão formar a dividia pública.

Este problema é conhecido com o nome de "seigniourage".

Mas quem é a BCE afinal?

A maioria das pessoas pensa que a BCE é o "banco da UE", mas isto não está certo pois o BCE é formado em larga medida por bancos privados. Resumindo: a BCE é privada.



Esta é a composição da BCE:



1. Banque Nationale de Belgique 2,83%

2. Danmarks Nationalbank 1,72%

3. Deutsche Bundesbank 23,40%

4. Bank of Greece 2,16%

5. Banco de Espana 8,78%

6. Banque de France 16,52%

7. Central Bank and Financial Services Authority of Ireland 1,03%

8. Banca d'Italia 14,57%

9. Banque centrale du Luxembourg 0,17%

10. De Nederlandsche Bank 4,43%

11. Oesterreichische Nationalbank 2,30%

12. Banco de Portugal 2,01%

13. Suomen Pankki 1,43%

14. Sveriges Riksbank 2,66%

15. Bank of England 15,98%



Aparentemente é um conjunto de bancos nacionais. Mas o que é um banco nacional?



Eis a composição dum banco nacional, neste caso do Banco d'Italia:



-GRUPPO INTESA 27,2 %

- GRUPPO SAN PAOLO 17,23 %

- GRUPPO CAPITALIA 11,15 %

- GRUPPO UNICREDITO 10,97 %

- ASSICURAZIONI GENERALI 6,33 %

- INPS 5,0 %

- BANCA CARIGE 3,96 %

- BNL 2,83 %

- MONTE DEI PASCHI DI SIENA 2,50 %

- CASSA DI RISPARMIO DI FIRENZE 1,85 %

- RAS 1,33 %

- GRUPPO LA FONDIARIA 2,0 %

- GRUPPO PREMAFIN 2,0 %

- Desconhecidos 5,83%

Todas entidades privadas. E a mesma situação encontra-se nos outros bancos nacionais, só o Banque de France e a Bank of England pertencem ainda aos respectivos Estados (porque acham que a Grã Bretanha ainda não aceitou o euro?).

Este sistema é o mesmo utilizado nos EUA: a Federal Reserve não é de propriedade pública mas é privada. Eis a sua composição (fonte Federal Reserve):



Banco Rothschild (London)

Banco Warburg (Hamburg)

Banco Rothschild (Berlin)

Lehman Brothers (New York)

Lazard Brothers (Paris)

Banco Kuhln Loeb (New York)

Banco Israel Moses Seif (Italia)

Goldman, Sachs (New York)

Banca Warburg (Amsterdam)

Chase Manhattam Bank (New York)

Qual o sentido? É bastante simples: os grandes bancos controlam a economia dos Estados mediante as taxas de juro, a disponibilidade de notas, as obrigações; mediante o poder de inflacionar a dívida pública e, sobretudo, mediante a orientação económica geral da UE e dos EUA.



Um exemplo do poder dos bancos privados.



Armas nucleares ou juros compostos?



por Ellen Brown



Procuradora do Ministério Publico em Los Angeles, EUA, autora de A teia da dívida (Web of Debt) , em que mostra como o cartel privado do Federal Reserve usurpou o poder de criar moeda e como o povo pode recuperá-lo.



Em 25 de Outubro de 2007 os Estados Unidos anunciaram duras novas penalidades contra os militares iranianos e os seus sistemas bancários estatais. Sanções, retórica belicosa e a ameaça implícita da acção militar são aguilhões para outra guerra, que os críticos temem ser mais provável desencadear do que impedir um holocausto nuclear.

A pergunta é: por que o Irão é considerado uma ameaça tão séria?

A explicação oficial é que planeia desenvolver armas nucleares.

Mas o responsável pela agência de observação das Nações Unidas, a AIEA, afirma que "não tem evidência concreta" de um programa iraniano de armamento. [1]

E mesmo se houvesse um programa, alguns países testaram ou possuem armas nucleares fora do Tratado de Não Proliferação, incluindo o Paquistão, a Coreia do Norte, a Índia e provavelmente Israel, ainda que não consideremos tais terrenos para acção militar.

O Irão estaria apenas a juntar-se a uma longa lista de potências nucleares.



Outra teoria diz que a pressão pela guerra tem a ver totalmente com o petróleo, mas o Irão fornece apenas 15 por cento das exportações petrolíferas totais do Golfo Pérsico, e o seu petróleo já está à venda. [2] Não precisamos ir à guerra por causa

dele. Podemos simplesmente comprá-lo.



Uma terceira teoria diz que o tinir dos sabres tem a ver com a defesa do dólar.

O Irão está a ameaçar abrir a sua própria bolsa petrolífera, e já está a vender 85 por cento do seu petróleo em divisas não-dólar. O Irão rompeu a camisa de força do

petrodólar imposta na década de 1970, quando a OPEP efectuou um acordo encoberto com os Estados Unidos para vender petróleo apenas em dólares americanos.

Tal como explicou o Dr. Krassimir Petrov este motivo suspeitado num editorial de 2006 em Gold-Eagle.com:



Enquanto o dólar foi o único pagamento aceitável para o petróleo, o seu domínio no mundo estava assegurado e o Império Americano podia continuar a taxar o resto do mundo. Se, por qualquer razão, o dólar perdesse o seu apoio petrolífero, o Império Americano cessaria de existir. Assim, a sobrevivência imperial ditava que o petróleo fosse vendido apenas em dólares. ... Se alguém exigisse um pagamento diferente, teria de ser convencido, tanto por pressão política como por meios militares, a mudar as suas ideias. [3]



Uma teoria interessante, mas ainda falha na explicação de todos os factos. Num editorial no Asia Times Online, William Engdahl observou que a guerra com o Irão estivera em consideração como parte da estratégia estado-unidense do Grande

Médio Oriente desde a década de 1990, muito antes de o Irão ameaçar abrir a sua própria bolsa de petróleo. [4] E o irão não está sozinho ao pretender o abandono do dólar como a sua divisa para o petróleo. Para reduzir os riscos da divisa, a Rússia

está a planear abrir uma Bolsa de Energia e S. Petesburgo no próximo ano a fim de comercializar petróleo em rublos, algo que terá um impacto mais significativo sobre o dólar do que a bolsa do petróleo do Irão. Os banqueiros centrais da Venezuela, Indonésia e Emirados Árabes Unidos também disseram que investirão menos das suas reservas nos activos em dólar devido ao enfraquecimento da sua posição global. [5] Quando estes países comutarem para outras divisas no seu comércio de petróleo, será que os Estados Unidos sentir-se-ão obrigados a invadi-los?



Todas estas teorias têm algum mérito, mas nenhuma delas parece suficiente para explicar os tambores da guerra. O que há de tão especial quanto ao Irão? Aqui está uma outra possibilidade: O Irão apresenta uma ameaça séria não só para o petróleo e para o dólar mas também para uma arma secreta que mantém o império global da banca no poder...



Juros compostos: Arma financeira de destruição em massa



Cerca de 1980, quando as taxas de juro estavam a ascender, Johnny Carson satirizou em The Tonight Show que "Cientistas haviam desenvolvido uma poderosa arma nova que destrói pessoas mas deixa os edifícios intactos – ela se chama taxa de juros a 17%".



Os juros compostos são a arma secreta que permitiu ao cartel bancário global controlar a maior parte dos recursos do mundo. A armadilha da dívida fechou-se para muitos países em 1980, quando as taxas internacionais de juros dispararam para 20 por cento. À taxa de 20 por cento compostos anualmente, US$100 duplica em pouco menos de 4 anos, e em 20 anos torna-se uns estarrecedores US$3,834,6.

O impacto devastador sobre os devedores do Terceiro Mundo foi sublinhado pelo presidente Obasanjo da Nigéria, ao falar em 2000 acerca do crescimento do fardo do seu país em relação aos credores internacionais.

Disse ele:

“Tudo o que tomámos emprestado até 1985 eram cerca de US$5 mil milhões, e pagámos cerca de US$16 mil milhões, e ainda nos dizem que devemos cerca de US$28 mil milhões. Aqueles US$28 mil milhões decorreram da injustiça quanto às taxas de juro dos credores estrangeiros. Se me perguntarem o que é a pior coisa do mundo, direi que é o juro composto. [7]”



O que os banqueiros chamam o "milagre" do juro composto é denominado "usura" sob a lei islâmica e é considerado um crime. Também era um crime sob o antigo Direito Inglês até o século XVI, quando Martin Luther redefiniu o crime da "usura" como a tomada do juro "excessivo".

Modernos pensadores islâmicos não são avessos a um retorno lucrativo sobre o investimento quando ele assume a forma de "participação no lucro", com investidores a assumirem algum risco e a partilharem perdas no negócio, mas o usurário obtém o seu juro não importa o que aconteça.

De facto, ele sai-se melhor quando o tomador falha. O tomador que não pode poupar para pagar os seus empréstimos aprofunda-se cada vez mais na dívida, pois os juros compõem-se anualmente para o que empresta.



A armadilha da dívida tramada em 1980 fora preparada em 1974, quando a OPEP foi induzida a comercializar o seu petróleo apenas em dólares americanos. O preço do petróleo então quadruplicou e países com dólares insuficientes para as suas necessidades tinham de tomá-lo emprestado junto aos prestamistas internacionais.

Por volta de 2001 já bastante dinheiro havia retornado dos devedores do Terceiro Mundo para os bancos do Primeiro Mundo a fim de pagar a parte principal que era devida: seis vezes os seus empréstimos originais. Mas os juros haviam consumido tanto daqueles pagamentos que a dívida total havia realmente quadruplicado. [8] Em 1980, o rendimento mediano nos 10 por cento mais ricos dos países era 77 vezes maior do que nos 10 por cento mais pobres. Em 1999 o fosso já havia crescido para 122 vezes.



Em Dezembro de 2006 as Nações Unidas divulgaram um relatório intitulado "Distribuição mundial da riqueza familiar" ("World Distribution of Household Wealth"), o qual concluía que agora 50 por cento da população mundial possui apenas 1 por cento da sua riqueza, ao passo que os 10 por cento de adultos mais ricos possuem 85 por cento. Com juros compostos anuais, as dívidas dos países mais pobres nunca serão reembolsadas, apenas continuarão a crescer.

O esquema da banca privada global É este esquema de dívida, com a sua arma letal do juro composto anualmente, que tem permitido a uma pequena clique de financeiros dominarem os negócios do mundo.

Em Tragédia e esperança, o professor Carroll Quigley escreveu acerca do seu conhecimento pessoa desta clique financeira, a qual denominou simplesmente "os banqueiros internacionais". O dr. Quigley, que foi mentor de Bill Clinton na Georgetown University, disse que o objectivo dos banqueiros internacionais era "nada menos do que criar um controle do sistema financeiro mundial em mãos privadas capaz de dominar o sistema político de cada país e a economia do mundo como um todo", um sistema "para ser controlado de um modo feudal pelos bancos centrais do mundo a actuarem em conluio, por acordos secretos". [9] A chave para o êxito dos banqueiros era que controlariam e manipulariam os sistemas monetários do mundo permitindo que parecessem ser controlados pelos governos.



A maior parte dos países foi levada a este esquema de banca privada global, com a maior parte do dinheiro do mundo a ser criado pelos bancos comerciais na forma de empréstimos produtores de juros. Nos Estados Unidos de hoje, o único dinheiro criado pelo governo consiste nas moedas, as quais representam apenas um milésimo da oferta total de dinheiro. As notas do Federal Reserve são criadas pelo Federal Reserve, uma corporação bancária privada, e emprestados ao governo. O grosso da oferta monetária, no entanto, é criado quando os bancos comerciais fazem empréstimos. Eles fazem isto pela contabilidade da dupla entrada: a soma das notas promissórias do tomador do empréstimo é simplesmente creditada como um depósito na conta do tomador e compensada com um passivo correspondente no lado do banco. [10]

A criação de dinheiro agora é um assunto privado também na maior parte dos países. Mesmo onde o banco central é tecnicamente possuído pelo Estado, como no Reino Unido e no Canadá, o banco central cria apenas a divisa em papel do país, deixando a maior parte da oferta de dinheiro para ser criada pelos bancos comerciais como empréstimos com juros compostos. [11]



A alternativa a este sistema de "banco central" independente é o que costumava ser chamado "banca nacional". Um banco central de propriedade do Estado emitia a divisa nacional como um agente do governo, e o governo gastava o dinheiro ou emprestava-o à actividade económica para o desenvolvimento interno e as necessidades públicas. Os ganhos (seigniorage ou senhoragem) com a emissão deste dinheiro – a diferença entre o custo de criá-lo e o seu valor facial – era provisionado

ao governo, o qual obtinha dinheiro livre de dívida e de juros.

O objectivo dos banqueiros internacionais era privatizar este sistema e pô-lo sob o seu controle. O banco central ainda criaria a oferta monetária nacional, mas emprestaria o dinheiro ao governo, deixando-o com uma dívida maciça a qual devia pagar juros. Uma vez capturado na teia da dívida, o governo podia então ser induzido a privatizar outros activos, tornando-os disponíveis para compra e controle pelo capital financeiro internacional.



Numa reunião em 1968 do discretíssimo grupo globalista conhecido como Bilderbergers, um responsável estado-unidense chamado George Ball falou em criar uma "companhia mundial". Ball era sub-secretário de Estado para Assuntos Económicos e administrador dos bancos gigantes Lehman Brothers e Kuhn Loeb. A "companhia mundial" deveria ser uma nova forma de colonialismo, pelo qual activos globais seriam adquiridos mais pela coerção económica do que por meios militares. A "companhia" estender-se-ia através de fronteiras nacionais, dedicando-se agressivamente a fusões e aquisições até que os activos do mundo fossem subsumidos numa corporação de propriedade privada, com Estados-nação subservientes a um sistema internacional de bancos centrais privados. [12]

Antes da II Guerra Mundial, a cabeça deste sistema de banca privada global estava na Inglaterra, mas com o predomínio económico dos Estados Unidos mudou-se para a Wall Street. Com os Acordos de Bretton Woods, o dólar americano tornou-se a "divisa de reserva" do mundo, juntamente com o ouro.

Em 1971, o presidente Nixon retirou o dólar do padrão ouro, e o dólar passou a ser a divisa de reserva do mundo sem aquela ancoragem. Os prestamistas americanos podiam criar e emprestar dólares em qualquer medida desde que o mundo pudesse ser induzido a tomá-los emprestados. Para assegurar que os prestamistas obtinham os seus juros, no fim da década de 1970 o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional começaram a impor condicionalidades" sobre os empréstimos para os devedores do Terceiro Mundo, exigindo-lhes que abrissem os seus mercados de capitais, cortassem gastos com programas sociais e privatizassem as suas indústrias.

Enquanto isso, ataques especulativos a divisas locais que tivessem sido deixadas a "flutuar" em mercados de câmbio estrangeiros sem a ancoragem ao ouro provocaram desvalorizações radicais de divisas, permitindo a investidores estrangeiros apanharem estes activos privatizados a preços de saldo.



Quando os dominós não caem



O Irão estava entre os poucos países que haviam escapado a este esquema de privatização global.

O Irão tinha o seu próprio petróleo e administrava-o de forma a evitar a armadilha da desvalorização especulativa da divisa pela imposição de restrições ao câmbio estrangeiro e controles de preços sobre a sua divisa, algo que podia fazer porque tinha reservas de divisas estrangeiras adequadas para isso devido às vendas de petróleo. [13]

A indústria petrolífera estatal do Irão permitia que a sua economia funcionasse bem, apesar das sanções económicas e de rumores em contrário. [14] Um movimento "reformista" a favor do aumento da privatização terminou com a eleição em 2005 do presidente Mahmoud Ahmadinejad, um "populista" que prometera redistribuir a riqueza petrolífera iraniana mais extensamente e comprometera o governo a financiar projectos do sector público e investimentos beneficentes. [15]

Académicos islâmicos procuraram conceber um sistema bancário global que servisse de alternativa ao esquema baseado na usura que agora controla o mundo, e o Irão liderou o caminho para a concepção deste modelo. O Irão é caracterizado como uma república islâmica democrática, a qual aplica princípios islâmicos não só moralmente mas legal e politicamente.

O Xá do Irão apoiado pelos EUA foi derrubado em 1979, findando 2500 anos de domínio monárquico. Todos os bancos internos iranianos foram então nacionalizados, e o governo conclamou-os a estabelecer um sistema bancário islâmico que substituísse o pagamento de juros pela partilha de lucros. O banco central de propriedade do Estado iraniano emite a divisa nacional, com a seigniorage a beneficiar o governo ao invés dos bancos privados. [16]

O governo iraniano está entre os poucos a terem uma dívida externa muito pequena. Ele utiliza os seus bancos estatais para fazer com que os empréstimos e créditos fiquem disponíveis para projectos industriais e agrícolas. A característica única e mais distintiva do sistema bancário iraniano, no entanto, é que ele segue a prescrição islâmica contra a usura. Isto significa que os empréstimos são feitos sem juros. [17]



Isto é verdade pelo menos em princípio. Para fazer o seu sistema funcionar com o esquema prevalecente, economistas islâmicos tiveram de produzir algumas definições criativas de "juro". Assumir que o Irão pode desenvolver um modelo alternativo que funciona pode, contudo, ameaçar o sistema bancário baseado na usura que agora domina as finanças e o comércio internacional. Se os governos começassem a fazer o que os bancos agora fazem – avançar "crédito" criado do nada por meio de lançamentos na contabilidade – eles poderiam esquivar-se aos juros pesados que são o custo principal da maior parte dos programas governamentais de hoje.

Foi estimado que eliminar encargos de juros poderia cortar os custos médios de infra-estrutura, desenvolvimento energético sustentável e outros programas pela metade. [18] As economias do Terceiro Mundo poderiam finalmente escapar ao domínio férreo dos banqueiros internacionais, levando ao afundamento de um império bancário global com 300 anos de idade.



A dimensão das apostas foi sugerida por Tarek El Diwany, um perito britânico em finanças islâmicas e autor de The Problem with Interest (2003). Numa apresentação na Universidade de Cambridge em 2002 ele citou um relatório de 1997 das Nações Unidas sobre desenvolvimento humano, o qual dizia:

“Aliviados dos seus reembolsos anuais da dívida, os países severamente endividados poderiam utilizar fundos de investimento que só na África poupariam as vidas de cerca de 21 milhões de crianças em 2000 e proporcionariam o acesso à educação básica a 90 milhões de meninas e mulheres”.



El Diwany comentava: "O PNUD não diz que os banqueiros estão a matar as crianças, ele diz que é a dívida que está. Mas quem está a criar a dívida? Os banqueiros, naturalmente. E eles estão a criar a dívida pelo empréstimo do dinheiro que fabricaram a partir do nada. Em retorno, o mundo em desenvolvimento paga ao mundo desenvolvido US$700 milhões líquidos por dia em reembolsos de dívida". Ele concluía a sua apresentação assim:

“Mas há esperança. Os países em desenvolvimento não deveriam pensar que são impotentes face aos seus opressores. A sua melhor arma agora é a própria escala da crise da dívida. Um incumprimento coordenado e simultâneo em grande escala

das obrigações da dívida internacional poderia bastante facilmente danificar o sistema monetário ocidental, e o Ocidente sabe disso. Pode haver uma guerra naturalmente, ou a ameaça dela, talvez acompanhada por lições sobre moralidade

financeira da parte de Washington, mas será que isso importa quando há tão pouco a perder? Na altura devida, todos os povos oprimidos virão a saber que é melhor morrer com dignidade do que viver na escravidão. Os prestamistas de toda a parte deveriam recordar bem esta lição. [19]“



Isto podia explicar o grande armamento apontado ao Irão, e o endurecimento de sanções económicas contra o país.

Dominós que não cairão dentro da armadilha da dívida devem ser empurrados. Tal como nos brutais ataques no Líbano em Julho de 2006, os objectivos militares no Irão são provavelmente económicos – portos, pontes, estradas, aeroportos, infra-estrutura de refinação. [20] A ameaça colocada pelo modelo económico alternativo do Irão será aniquilada lançando-o de volta à Idade da Pedra.

Notas



1. "U.S.: Iran Seeks Nuclear Weapons," http://news.yahoo.com (October 31, 2007).

2. Rob Kirby, "The Looming Fiat Currency Train Wreck," www.financialsense.com (January 16, 2006).

3. Krassimir Petrov, "The Propose Iranian Oil Bourse," www.gold-eagle.com (January 15, 2006); A proposta Bolsa do

Petróleo iraniana http://resistir.info/energia/bolsa_petrov.html

4. William Engdahl, "Why Iran's Oil Bourse Can't Break the Buck," Asia Times Online (March 10, 2006).

5. Julian Phillips, "Gold Positive: Iran Wants Yen from Japan Not the U.S. $ for Oil," www.goldseek.com (July 27, 2007).

6. "Compound Interest Week," www.lazymanandmoney.com; Fido Compound Investment Tool Kit, www.fido.asic.gov.au.

7. Rodney Shakespeare, The Modern Universal Paradigm (2007), pages 63-64.

8. Achin Vanaik, "Cancel Third World Debt," The Hindu (August 18, 2001), www.hindu.com.

9. Carroll Quigley, Tragedy and Hope: A History of the World in Our Time (New York: Macmillan Company, 1966), page

324.

10. Ver Ellen Brown, "Dollar Deception: How Banks Secretly Create Money," www.webofdebt.com/articles, July 3, 2007.

Ver também Affidavit of Walker F. Todd, attorney for the Federal Reserve Banks of New York and Cleveland,

http://freedom-school.com/affidavit_of_walker_todd_1-20-04.pdf (2004).

11. E. Brown, Web of Debt, op.cit.

12. Daniel Estubin, "Bilderberg 2007 – Towards a One World Government?", Nexus Magazine (August-September 2007).

13. Taylor & Francis Group, The Middle East and North Africa (2003), pages 405-07; "Iran's Exchange Rate

Freeze,"www.farsinet.com (July 2003).

14. Kelly Campbell, "Is Iran Facing an Economic Crisis?", www.usip.org (May 2007).

15. "Iran Profile," www.austrade.gov.au (July 2007).

16. Kamran Dadkhah, "Reform of Exchange Market in Iran," www.economics.northeastern.edu/papers/documents

/03-015.pdf (2003), page 4 ("Seigniorage"); Clifford Thies, "Radioactive Money," www.mises.org (March 2007).

17. "Economy of Iran," "Iran Banking," www.photius.com (2004).

18. Margrit Kennedy, Interest and Inflation-free Money (1995), discussed in Deidre Kent, "Margrit Kennedy Inspires New

Zealand Groups to Establish Regional Money Systems," McKeever Institute of Economic Policy Analysis,

www.mkeever.com (2002).

19. Ver E. Brown, Web of Debt, op. cit.

20. Tarek El Diwany, "Third World Debt," presentation at Cambridge University's "One World Week" in February 2002,

citing UNDP Human Development Report (1997), page 93; "A Debate on Money," www.islamic-banking.com (July 2001).

10/Novembro/2007



O original encontra-se em http://www.webofdebt.com/articles/war-with-iran.php









E, para completar a visão, eis as razões pelas quais os bancos ocidentais não gostam dos bancos islâmicos (com as inevitáveis consequências que cada um pode imaginar):



O Islão e os bancos

A visão muçulmana do mundo das finanças é diferente da nossa, pois obedece aos conceitos contidos no Corão.



Em particular:



I – É proibido qualquer ulterior pagamento pré-determinado sobre o dinheiro emprestado

O Islão permite só um tipo de empréstimo, chamado qard-el-hassan (literalmente, “o bom empréstimo”) onde o credor não debita interesses (juros) sobre o montante emprestado.



II – O prestador tem que dividir os ganhos mas também as perdas derivantes da actividade da empresa a quem emprestou o dinheiro.



III – Ganhar dinheiro a partir do dinheiro é proibido.

Por isso não existem os juros: o Islão entende qualquer juro como uma forma de usura, é proibida pelas leis do Corão.



IV – Probida a Gharar (incertidão e especulação)

Cada operação pode ser começada só se os investidores conhecem ao certo o resultado final, assim como os riscos envolvidos. Conceitos como os futures são não-islamicos.



V – Os investimentos são permitidos para favorecer só operações ou produtos que não são proibidos pelo Islão.